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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

No Sábado...

... recebi uma das piores notícias da minha vida!!!

Era algo que já se estava à espera há muito tempo (anos mesmo) mas, nunca queremos acreditar que esse dia está próximo... Mas, infelizmente ele chegou e, por mais que os últimos acontecimentos me fizessem pensar nisso, isto já tinha acontecido várias vezes e sempre tinha corrido tudo bem, nunca pensei que fosse agora... Até Sábado...

No Sábado ao fim do dia recebi a notícia que o meu avô tinha partido... Era o único avô que tinha, uma vez que o meu outro avô faleceu tinha eu 6 anos... E, apesar de todos sabermos que ele já à vários anos que se debatia com uma luta diária com a sua doença e consequentes complicações não estava à espera... Mesmo nada! É verdade que fiquei alerta e aflita com os últimos acontecimentos e isto tudo desde à duas semanas (não o via tanto como gostava uma vez que ele vivia longe) que num dos dias que o visitámos ele estava bem e no dia seguinte tinha apanhado frio porque tinha ido à rua e não se tinha agasalhado convenientemente (e também ajudava o facto de estar quente no lar) termos saído de lá com ele a dizer que tinha dormido pouco durante essa noite e que estava sem cabeça e tinha a voz afectada... Claro que nos dias seguintes cada vez que sabia que ele estava a fazer algum tratamento ou tinha dificuldades em falar ao telemóvel ou que tinha ido para o hospital me faziam ter um grande aperto no coração mas, ele já se tinha safado de tanta coisa que esta seria só mais uma. Assim eu o esperava e assim, felizmente sempre tinha acontecido mas, infelizmente não... Desta vez, não foi isso que aconteceu... O meu avô foi para o hospital para já não voltar ao lar... Mas, disse o meu primo e o meu tio ele estava bastante lúcido (como sempre, felizmente) no Sábado quando o foram visitar.

No Sábado não foi só o meu avô que eu perdi, o meu pai perdeu o pai dele (e é horrível ver o meu pai a chorar. Já o vi por duas vezes. A outra vez foi no funeral da minha avó e é algo para me deixar completamente de rastos...) e perdi também o meu poeta preferido (opinião partilhado pelo meu primo!). O meu avô para além de ser o meu avô e só por isso eu já o achar maravilhoso e fantástico e espectacular também escrevia poemas. Com o 4º ano de escolaridade apenas e com 87 anos (quase nos 88 anos que faltava pouco mais de um mês para o seu aniversário) escrevia poemas sobre as pessoas que ele conhecia  (eu tenho a HONRA de ter mais do que um poema escrito por ele para mim, normalmente oferecidos na altura dos meus anos.) e sobre lugares. E por isso ainda me custa mais... Saber que nunca mais vou ler nenhum poema novo dele. Saber que ele nunca mais vai escrever um poema (embora nos últimos tempos o fizesse com mais dificuldade, ele fazia). Ainda me lembro de pouco tempo depois da minha avó falecer ele dizer que nunca mais iria escrever nada e, um belo dia surpreendeu-me porque me disse que tinha uma coisa para me mostrar. E o que era? Era nada mais nada menos do que aquilo que ele estava a sentir em relação à partida da minha avó... E eu li (a custo porque me emocionei) e gostei ainda mais daquele poema do que todos os outros que ele já tinha escrito porque eu sabia bem qual era o tamanho da minha dor naquele momento e de certeza que a dor do meu avô era muito maior que a minha. Afinal foram mais de 50 anos de casamento!

Agora custa-me e é ainda aí que eu estou, acreditar que ele já cá não está... Não ter mais que ir ao lar visitá-lo. É estranho! Muito estranho. Afinal, essa tornou-se uma rotina que tínhamos de à 2 anos e 7 meses para cá (desde o falecimento da minha avó). E se eu pensava que ele não ia aguentar muito tempo longe da minha avó, enganei-me... Ainda foram 31 meses!!! Após mais de 50 anos de casamento 31 meses devem parecer 31 anos!!! E também custa muito saber que nunca mais me vou puder encostar a ele quando estiver sentada ao pé dele. Aliás, nunca mais vou puder estar ao pé dele. E "nunca" é muito tempo!!! Nunca mais vou ouvir as histórias dele, as anedotas dele e tudo aquilo que ele tinha para me contar ou recontar. E isso foi algo que me fez muita confusão no Domingo... O meu avô estar ali e haver silêncio. Nesse aspecto, tenho o maior orgulho em dizer que saio ao meu avô: o estar sempre a falar é uma característica que eu sempre vou associar à sua pessoa. E ter estado numa sala onde o meu avô estava e não o ouvir... Não ouvir a sua voz foi muito estranho. Muito mesmo.

É HORRÍVEL isto!!! É horrível num espaço inferior a 3 anos o meu pai ter ficado sem pais. É horrível ter perdido duas pessoas que mesmo vivendo longe de mim me eram tanto. É horrível saber que aquele que eu considero o MELHOR LOCAL do Mundo está agora sem duas das pessoas mais importantes para mim. É horrível pensar que a casa deles está vazia mas, ao mesmo tempo está lá tanto deles. É horrível imaginar este Mundo sem eles. É horrível!!!

É ainda mais horrível ter que aceitar que isto é a lei da vida... E por isso mesmo como é natural não se pode fazer nada. É egoísta pensar que gostava de ter o meu avô comigo mais tempo mesmo sabendo que a qualidade de vida dele estava cada dia a diminuir e que de certeza que tinha momentos em que sentia uma grande solidão.


Mas, mais horrível agora é olhar para esta foto e saber que já não vou ver esta pessoa nunca mais!!! Nunca mais a vou ouvir, nunca mais nada!!!

O meu avô soube que eu tirei a carta de condução (a minha avó não uma vez que nos deixou 5 dias antes...) mas, o meu avô não me vai ver a acabar o curso. Ainda para mais quando já falta pouco para entregar a tese... O meu avô não vai saber porque o meu avô não está aqui. E, apesar de eu saber que ele não me queria ver triste nem a chorar não consigo pensar nele e não começar a chorar. Não consigo mesmo!

No funeral só pensava que tinha sido muito duro perder a minha avó que estava minimamente bem de saúde e que num instante teve o AVC e partiu mas, ao mesmo tempo, foi muito duro perder o meu avô porque apesar de estar habituada à sua condição mais sensível e ouvi-lo tossir à vários anos de uma maneira que faz doer o coração, ele já se tinha safado tanta vez que mesmo pensando que ele era mortal eu pensava que ele se ia safar sempre!

Por agora, resta-me deixar o tempo passar e tentar mentalizar-me que assim foi melhor para ele... Mas, sinceramente sei como foi na altura do falecimento da minha avó e, como ainda hoje me sinto em relação ao assunto por isso, posso deduzir como me irei sentir daqui para a frente em relação a este assunto...

Acima de tudo tenho algumas certezas:

- tal como o escrevi em relação à minha avó foi e É (continuará SEMPRE a ser) um orgulho ser neta deles!
- o meu poeta preferido não é o Fernando Pessoa, por exemplo mas, sim o meu avô!
- todos os Agostos que passei em casa deles foram os melhores Agostos da minha vida.
- eles foram os melhores avôs que eu alguma vez podia ter tido e isso eu NUNCA vou esquecer nem deixar de agradecer.
- foi graças a eles, ao local onde viviam que eu conheci tantas pessoas que me são tanto e isso eu nunca lhes posso retribuir nem deixar de agradecer (e muito!).

E tantas mais coisas eu poderia aqui escrever... Tantas e tantas. Mas, por agora fico por aqui... 

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